sábado, 19 de março de 2011

Controle de Insetos, Pragas e Doenças de Sua Horta Orgânica

Controle de Insetos, Pragas e Doenças de Sua Horta Orgânica

 
Plantas companheiras

São plantas que quando plantadas em linhas alternadas às culturas principais repelem uma série de pragas. São conhecidos os efeitos repelentes das seguintes plantas: alho, hortelã, tomilho, alecrim etc.

Prover condições favoráveis à manutenção dos inimigos naturais

Consiste em manter plantas que servem de abrigo e reprodução dos insetos que se alimentam das pragas, tais como o nabo forrageiro (Raphanus raphanistrum), o mentrasto (Ageratum conyzoides) etc.

Medidas curativas

Coleta manual e destruição dos insetos-praga ou eliminação das partes atacadas pelas doenças

O descarte de plantas doentes e de restos de culturas é recomendável para a redução do potencial de patógenos das doenças e para o controle dos insetos nocivos no início da sua infestação. O produtor (nesse caso, Você) deve visitar, no mínimo a cada dois dias, a sua área com os canteiros, para tentar visualizar insetos nocivos ou a presença de doenças. Deve, no entanto, tomar cuidado para não ficar levando pragas ou doenças de um lugar para outro. Se achou algum problema, Você deve fazer a desinfecção de roupas e sapatos.

Escavação de insetos sociais (principalmente a formiga): segue-se, cavando com enxadão pelo "olheiro" até chegar ao ninho, de onde se retira a rainha, a cria e o fungo, deixando-se os adultos a definhar sem alimento. Esse método é 100% eficiente, se for feito um repasse. Aplica-se bem em áreas pequenas.

Catação manual: aplicável sempre que o foco de ataque estiver no início, principalmente em áreas pequenas. Exemplos: cochonilhas, besouros etc.

Uso de armadilhas

As armadilhas podem ser coloridas, atrativas, adesivas, feromônios, luminosas etc.
O seu emprego consiste no monitoramento (determinação de infestação) ou auxiliar no combate aos insetos-praga.

A armadilha luminosa é especialmente eficiente para insetos noturnos como a mariposa. Você mesmo pode montar, é muito simples!
Trata-se de uma lâmpada de mercúrio (colocada na vertical) ou mesmo uma lâmpada comum, colocada na altura de 1,50 metro do solo, no meio da sua horta caseira. Abaixo da lâmpada, distanciado de 15 a 20 cm, coloca-se uma bandeja de óleo para captura dos insetos, que ficam presos ao óleo. A lâmpada deve ser acesa ao anoitecer e permanecer assim até em torno das duas horas da manhã. Este é o período de maior revoada dos insetos.

Com a armadilha luminosa reduz-se a população de insetos adultos que fazem a postura nos frutos. Como exemplo, pode-se citar as brocas grande e pequena do fruto e a lagarta-rosca, que atacam as curcubitáceas, como também o pimentão e o tomate.

A armadilha de cor é utilizada para atrair o besouro "brasileirinho". Consiste em uma chapa de 20X30 cm, pintada de amarelo gema e disposta a 45º. Coberta com goma colante ou com graxa bem grossa, retém os insetos que pousarem nela.

Iscas para lesmas e moluscos: colocam-se sacos de estopa ou de algodão, úmidos e embebidos em xarope de açúcar, leite ou cerveja entre os canteiros atacados. Os moluscos são atraídos durante a noite, podendo ser catados na manhã seguinte.

Uso de extratos vegetais

Existem inúmeras plantas que têm ação inseticida ou repelente contra pragas e doenças. Dentre elas, pode-se citar: o alho, o nim, a urtiga, o cravo de defunto, a arruda e a cavalinha.

Alho

O alho é uma planta que pode ser utilizada como fungicida e bactericida. No entanto, sua principal ação é a repelência sobre as pragas.
Uma fórmula básica de preparo compreende a mistura de 1,0 kg de alho em cinco litros de água, mais 100 gramas de sabão e 2,5 colheres de sopa de óleo mineral.
Os dentes de alho devem ser triturados e misturados com o óleo mineral, ficando em repouso por um dia. À parte, dissolve-se o sabão picado nos cinco litros de água quente. Dissolvido o sabão, mistura-se com a solução de alho.
Antes de usar, filtra-se a mistura e dilui com 20 partes de água. Após 36 horas de aplicado, o cheiro e o odor do alho desaparecem, podendo as hortaliças serem consumidas normalmente.

Extrato de pimenta-do-reino, alho e sabão

Prepara-se uma garrafa com 100 gramas de pimenta-do-reino diluídos em 1,0 litro de álcool; reserva-a por uma semana. Ao mesmo tempo, faça outra garrafa com 100 gramas de alho em 1,0 litro de álcool. Passada esta semana, deve-se dissolver 50 gramas de sabão neutro em 1,0 litro de água quente. Apenas na hora de aplicação, juntar as três partes, na seguinte proporção: 200 ml da garrafada de pimenta + 100 ml da garrafada de alho e toda a solução de sabão, diluídos em 20 litros de água (usa-se um pulverizador costal).

Aplicação: deve ser feita nas horas mais frescas do dia. A preparação é especialmente indicada para as pragas da batatinha, do tomate, do pimentão e da berinjela.


Uso de sabão e produtos orgânicos

Sabão

O sabão tem efeito inseticida, controlando efetivamente os insetos de corpo mole, tais como: pulgão, lagartas e mosca branca.
Uma receita básica para o uso de sabão consiste em dissolver, mexendo bem, uma barra de sabão de coco (200 gramas) em um litro a um litro e meio de água quente. Esta solução pode ser diluída em 20 litros de água.
A solução feita com sabão tem boa adesividade e pode ser aplicada sobre as plantas e pragas.

Cinzas

A cinza de madeira é recomendada para o controle de pragas e de algumas doenças. Ela é rica em potássio.
No combate de lagartas e vaquinhas pode-se utilizar a seguinte formulação: meio copo de cinza de madeira, meio copo de cal virgem e quatro litros de água. A cinza deve ser colocada em água pelo menos 24 horas antes do preparo, deixando-a repousar. Em seguida, côa-se a solução, eliminando-se a parte sólida e misturando o líquido com a cal virgem hidratada. Desta maneira, ela está pronta para o uso.
No combate de insetos sugadores e larva minadora, preparar da mesma maneira anterior, mas ao invés de adicionar a cal virgem, colocar em torno de 15 ml (seis colheres de café) de querosene. Aplicar preventivamente.

Farinha de trigo

A farinha de trigo de uso doméstico funciona no controle de ácaros, pulgões e lagartas. Dilui-se uma colher de sopa de farinha de trigo num litro de água e pulveriza-se nas folhas atacadas. A farinha de trigo forma uma película que envolve as pragas que, com o vento, caem da planta. É um controle paliativo que auxilia no combate a estas pragas em hortas caseiras.

Leite

O leite é indicado para o controle de ácaros e ovos de diversas lagartas, como atrativo para lesmas e no controle de doenças fúngicas e viróticas.
A recomendação de aplicação é diluir um litro de leite em cinco a dez litros de água e pulverizar sobre as plantas. Repetir a aplicação para doenças a cada 5 a 10 dias até o desaparecimento das mesmas e no aparecimento das lagartas.
Para o controle de lesmas umedecer estopa ou retalhos de pano com uma mistura de água e leite, na proporção de três para um, ou seja, adicionar um copo de leite a três de água. A estopa ou os retalhos devem ser colocados ao redor das plantas ao entardecer, sendo na manhã seguinte coletadas e destruídas as lesmas que se reuniram, atraídas pelo leite.


Defensivos Alternativos (Caldas)

Calda Bordalesa

A calda bordalesa é uma mistura de sulfato de cobre + água, consistindo de uma das melhores alternativas para o controle de doenças fúngicas e bacterianas.
O preparo da calda bordalesa compreende a mistura a frio do sulfato de cobre e a cal hidratada em vasilhames separados e depois misturados no tanque de pulverização.
A concentração dos ingredientes difere de uma espécie, condições climáticas, grau de infestação e da fase de crescimento da planta.
As hortaliças como batata, tomate, etc aceitam bem a concentração de 0,8 a 1,0%, porém com dosagens menores na fase inicial. No morango e nas curcubitáceas devem-se empregar dosagens de 0,3 a 0,5%, dependendo das condições locais.
Algumas culturas protegidas pela Calda Bordalesa:
Cenoura, alface, beterraba, abóbora caserta, repolho, pimentão, berinjela, feijão-vagem, couve, chicória, jiló, quiabo, cebolinha.
Doenças controladas pela Calda Bordalesa:
Míldio, manchas foliares, podridão de esclerotínia, cercosporiose, alternaria, antracnose, pinta preta, podridões, requeima e septoriose.
Calda Sulfocálcica

A calda sulfocálcica é um tradicional defensivo agrícola, resultado do preparo a quente da mistura de enxofre, cal virgem e água. Tem ampla ação fungicida, inseticida e acaricida.
No verão doses concentradas podem queimar a folhagem, deve-se utilizar diluições fracas, mantendo, no entanto, boa ação contra fungos e insetos-praga.
As concentrações recomendadas pra o período vegetativo variam de 1:30 a 1:120 (volume de calda para volume de água).

Calda Viçosa

A calda viçosa é uma variação da calda bordalesa, sendo na verdade uma mistura da calda bordalesa com micronutrientes. Ela foi testada com sucesso pela Universidade Federal de Viçosa nas culturas do tomate e do café, tendo apresentado excelentes resultados no controle fitossanitário, melhoria no estado nutricional e aumento da produtividade.
As suas principais características são: mistura de pós-solúveis, compreendendo a calda bordalesa (sulfato de cobre e cal hidratada), acrescentada de micronutrientes (sulfato de zinco, sulfato de magnésio e boto), uréia (nitrogênio) e cloreto de potássio.
Os micronutrientes devem ser adicionados de acordo com a exigência da cultura. Uma formulação clássica compreende: 500 a 800 gramas de sulfato de cobre + 300 gramas de sulfato de zinco + 400 gramas de sulfato de magnésio + 150 a 200 gramas de ácio bórico + 300 gramas de sulfato de potássio + 400 a 500 gramas de calcário hidratado + 100 litros de água.

Calda Biofertilizante

A calda biofertilizante é um produto da fermentação de estercos animais, enriquecidos por micronutrientes e outros produtos de origem animal, obtendo uma calda biofertilizante para aplicação foliar nas plantas.
Foram observados bons resultados, principalmente nas culturas do tomate, batata e hortaliças em geral. Recomenda-se a diluição de 2% para frutíferas e hortaliças e de 4% para tomate. No pomar, pulverizar a intervalos de 10 a 15 dias e para o tomate a cada 7 dias. Para as demais hortaliças, pulverizar a intervalos de 10 a 20 dias.



Fontes consultadas:
PENTEADO, SILVIO ROBERTO
Horta Doméstica e Comunitária Sem Veneno
Silvio Roberto Penteado - Campinas-SP
Janeiro 2006 - p. 148

SOUZA, JACIMAR LUIZ
Cultivo Orgânico de Hortaliças - Sistema de Produção
Viçosa-MG, CPT, 1999
154 p.

TESSARIOLI NETO, JOÃO & ROSSI, FABRÍCIO
Horta Caseira - Adubação e Controle de Pragas e Doenças
Viçosa-MG, CPT, 2002
114 p.

SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
http://www.agroportal.sp.gov.br/

Categoria: Horta orgânica

Fonte: Gustavo Libardi - Graduando em Engenharia Agronômica - Esalq/USP / Supervisão: Ricardo Cerveira

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