quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O que é Aromatologia?

Aromatologia
 
Penny Price
2004
Qualquer frasco de óleo essencial carrega o aviso: “não ingerir”. Mas, na aromatologia o uso interno é seguramente recomendável. Ao contrário do que se acredita, isso não é perigoso ou irresponsável, já que muitos medicamentos dão advertências ao público ou não estão disponíveis a ele de uma certa maneira, mas, nas mãos de um terapeuta qualificado, eles podem ser usados seguramente.
A atual censura e preocupação relacionada ao uso de óleos essenciais como medicamento só tem base se o terapeuta não for adequadamente qualificado,  inexperiente e sem credenciais para conduzir tal prática. Por exemplo, todos os frascos de óleos essenciais contêm um segundo aviso: “mantenha longe dos olhos”. Entretanto, a solução preparada adequadamente por um terapeuta qualificado pode ser administrada nos olhos apesar do aviso. O público em geral precisa ter consciência da potência tanto benéfica quanto prejudicial dos verdadeiros óleos essenciais. É no uso ou no abuse que qualquer terapia se torna perigosa ou benéfica.
Historicamente, tanto a aromaterapia quanto a aromatologia, compartilham a mesma base indivisível do desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos ou alopáticos. A aromaterapia foi assim denominada na década de 20, por um químico francês, Gattefossé, e só a partir de então a aromaterapia foi diferenciada da fitoterapia. Certamente, não houve na época nenhum problema no uso interno dos óleos essenciais. Desde aquela época, na França, a prática de todos os métodos de uso dos óleos essenciais continua intacta e bem sucedida. Na França, os óleos são administrados internamente (oralmente) por médicos e fitoterapeutas como um método extremamente eficiente no tratamento de problemas digestivos e das vias urinárias, atacando o problema direto na sua raiz. A aplicação tópica (não a massagem), inalação e compressas são os métodos mais comuns praticados na França.
Quando a aromaterapia foi importada para a Inglaterra nos meados do século XIX, ela foi introduzida através da estética. Assim, começou-se diluindo os óleos essenciais em óleos carreadores para uso de uma forma terapêutica distinta, sendo a massagem introduzida e vindo esta forma de prática a ser conhecida pelos franceses como o “Estilo Inglês de Aromaterapia”. Como a primeira Organização de Aromaterapia na Inglaterra era formada basicamente por esteticistas, as regras da estética a serem seguidas são de nunca se utilizar nada oralmente. Essa regra foi benéfica por um lado, porque os produtos de aromaterapia estavam disponíveis no mercado de qualquer maneira.  A qualidade e a pureza desses produtos era, no mínimo, questionável. Se esses produtos, adulterados e sintéticos, eram perigosos se usados topicamente, podemos imaginar os danos se usados oralmente.
Hoje em dia, existe um debate sobre uma legislação apropriada ao uso de óleos verdadeiros. Eles estiveram presentes na Farmacopéia Britânica por muitos anos, vindo a se tornarem a base de muitos medicamentos que ainda são utilizados hoje em dia.  Contudo óleos essenciais verdadeiros não podem ser regulamentados como remédios. Devido a eles serem obtidos de uma simples planta, e as plantas estarem sujeitas a uma série de variáveis (do clima, solo, quantidade de luz, etc), é impossível determinar de forma adiantada a cromatografia (GLC) de qualquer óleo. Até o presente momento a maioria dos óleos essenciais verdadeiros estão enquadrados dentro da legislação de alimentos e cosméticos. Este é o caso para um “padrão base”, não do tipo “padrão de eficácia” que existe nos EUA,  para se estabelecer e que pode permitir um conceito apropriadamente adequado dos óleos essenciais, tanto utilizando-os na aromaterapia pela massagem ou intensivamente em aplicações tópicas ou internamente como na aromatologia.  
 
Nós precisamos de ter uma definição da aromatologia como distinta da aromaterapia. Mas essa divisão é um tanto falsa e forçada, já que a aromatologia é um ramo da aromaterapia, entendida de forma apropriada. Devido à idéia difundida na Inglaterra de que aromaterapia consiste de massagens com óleos essenciais, todos os outros usos ficaram obscurecidos. A aromaterapia abraça todos os métodos de se utilizar os óleos essenciais. A falta do uso interno e intensivo restringiu a aromaterapeuta à massagem, compressas e tratamentos caseiros... Certamente, as escolas de aromaterapia devem se responsabilizar seriamente em assegurar de que todos os aromaterapeutas em formação tenham o conhecimento sobre a segurança do uso interno e intensivo dos óleos. Atualmente, para ser um aromaterapeuta na Penny Prince Academy (o único colégio no presente na Inglaterra dando este tipo de qualificação), o candidato deve adquirir também uma qualificação em uma terapia complementar ou ortodoxa. O período de treinamento é de dois anos, onde o aluno explora a composição química dos óleos e seus efeitos na fisiologia e patologia humana e seus potenciais efeitos na psique. Perigos quanto à toxidade, reações alérgicas, etc são explorados em profundidade. Enquanto, nos cursos de aromaterapia a massagem é o principal tema, aromatologistas estudam de forma limitada a massagem, empregada para condições localizadas de forma específica. O treinamento está mais voltado para um uso correto para o tratamento.
O foco da discussão sobre os óleos usados na aromatologia tem sido no seu uso interno. Apesar do uso interno estar sendo estudado em profundidade, seu uso prático tem sido restringido à problemas digestivos. Isso é uma generalização que ignora a variedade dos diferentes e possíveis usos da aromatologia. Ainda mais comum é a aplicação intensiva do uso tópico, o que vai do uso de 2 ou 3 gotas até 3 a 4 ml, dependendo do caso. Citando um caso do tratamento de esclerose múltipla, uma combinação de 80 gotas de óleos apropriados ao fortalecimento do sistema imunológico, foi aplicada na pele de um cliente diariamente, em um período total de cinco dias. O resultado foi uma melhora significativa, percebendo o próprio cliente a melhora de sua vitalidade. Esse tratamento foi o suficiente para dar início a um total processo de cura e um caminho para se voltar para uma vida mais ativa e equilibrada. Reconhecendo que alguns não aceitam a esclerose múltipla como uma desordem válida, os resultados mostraram que a saúde do cliente foi dramaticamente melhorada após a aplicação intensiva dos óleos essenciais. Os efeitos foram duradouros e o tratamento foi levado adiante utilizando diluições normais da aromaterapia para uso em casa.
Na literatura disponível sobre o assunto, há vários relatos de casos, apropriadamente apresentados, que dão testemunho à eficácia da aromatologia. Dew et al apresenta um estudo sobre o uso de óleo de hortelã pimenta para síndrome do intestino irritado. Observando-se cada período do tratamento notou-se que os pacientes se sentiram significativamente melhores depois da ingestão de cápsulas de hortelã pimenta quando comparados com um placebo (p,0.001) e considerando-se o óleo de hortelã pimenta melhor do que o placebo no alívio dos sintomas abdominais (p,0.001). Pacientes que ingeriram o óleo de hortelã tiveram um número reduzido de sintomas diários (p, 0.001)  mas não houve redução no número contrações intestinais diárias
 (Dew et al, 1984: 398).
 
 Valnet apresenta muitos estudos de casos em seu trabalho sobre aromaterapia, entre eles:
 
  • Senhora F, 56 anos, sofria de uma esquizofrenia profunda. Havia estado em hospitais psiquiátricos por muitos anos. Sofria anteriormente de tuberculose, e durante três anos sofreu de faringite e bronquite crônicas com quadro de febre persistente, a qual resistiu ao tratamento antibiótico. Sua condição geral era problemática e fraca. Em outubro de 1969 ela foi tratada com oligoelementos e aromaterapia, ambos na forma de supositórios. Sua temperatura voltou ao normal em três semanas. Os resultados foram consolidados com 20 dias de tratamentos, todos os meses durante seis meses. (Valnet, 1983: 237).
  • Pesquisa de Zarno a respeito dos efeitos do óleo de tea tree na Candidíase produziram resultados bastante encorajadores. Essa pesquisa confirma tudo o que já se sabe sobre o tea tree:, que ele é altamente anti-séptico, anti-fúngico e imunoestimulante. Ela recomenda 2-3 gotas do óleo em um tampão para aplicação interna 2 vezes ao dia, 6 gotas no banho e 2 gotas em água morna para gargarejar após as refeições. (Zarno et al, 1994).
  • Outra pesquisa feita por May et al, prova a eficácia e a segurança das cápsulas de óleo de hortelã pimenta, (90mg) e óleo de alcarávia (50mg) quando estudados em uma experiência placebo controlada em pacientes com dispepsia não ulcerativa. Após 4 semanas de tratamento a intensidade da dor foi significativamente reduzida nos grupos tratados com a combinação dos óleos de hortelã/alcarávia quando comparado aos que foram tratados com placebo. Antes do início do tratamento, todos os pacientes reportaram dor moderada ou severa, enquanto ao final do estudo, 63.2% do total de pacientes estavam livres da dor. Nos pacientes tratados com óleos, os sintomas da dor reduziram 89.5%. (May et al, 1996: 1149).
 
Existem muitos outros estudos clínicos sobre óleos essenciais que demonstraram sua eficácia, notavelmente entre eles os estudos de Penoel. Juntamente com Franchomme, Penoel, que tem estado na vanguarda de muitos dos experimentos e ensinos das várias aplicações da aromatologia. O conceito total da aromaterapia tem sido aceito na Inglaterra (e tem então significado a introdução da aromatologia) por Shirley Price. Houve muitos outros no início dos anos 70, que introduziram alguns aspectos da aromaterapia, mas somente Price continuou defendendo o uso holístico dos óleos essenciais. Tisserand, recentemente, também tem defendido esta forma de uso dos óleos essenciais. (Tisserand, 1977: 319).
Na Grã Bretanha, por inúmeras razões, entre elas ignorância e apreensão, a aromaterapia tem sido reduzida a uma fração de seu potencial. Não é mais do que “massagem com cheiros” para muitas pessoas. Muitos argumentos têm sido apresentados por alguns (e.g., Lis-Balchin, 1997) contra qualquer tipo de uso da aromatologia, chegando até mesmo a alegar ser esta uma prática ilegal. Tais pessoas argumentam que o uso interno dos óleos essenciais. Ao fazer isso eles demonstram a ignorância com relação à terapia ao qual praticam.  Óleos essenciais aplicados pela massagem são absorvidos pelo corpo através da pele (enquanto o óleo carregador permanece largamente sobre a superfície). Uma vez que o óleo tenha atravessado a pele, ele é rapidamente absorvido pela corrente sanguínea e levado ao corpo inteiro. Então ao invés de conceituar a aromatologia como se ela fosse um estudo completamente separado, seria melhor aceitá-la como sendo parte da aromaterapia, sendo que não existem argumentos sustentáveis que as separe de qualquer forma, sendo no uso da massagem ou de outras formas.  É conhecido que o uso irresponsável dos óleos internamente pode causar irritações no estômago. Isso deve ser levado em conta. Entretanto, o uso irresponsável de qualquer outro medicamento fará o mesmo. A aspirina, por exemplo, sabe-se que ela exacerba úlceras estomacais, sendo que alguns ainda sugerem que a ela é uma causa das úlceras.  Então é por isso que aromaterapeutas (que praticam aromatologia) precisam ser treinados com tanto rigor quanto qualquer médico.  Existe um argumento em que a cirurgia cerebral é perigosa e não deveria ser feita. Nem todos os médicos são competentes o suficiente para realizar uma cirurgia cerebral. Mas um cirurgião bem treinado poderá realizar tal operação com segurança e esperando obter um resultado positivo. Similarmente, alguns óleos essenciais podem causar severas irritações cutâneas se aplicados em largas quantidades, mas um terapeuta terá que ser bem treinado para saber a química e os perigos de diferentes aplicações de um óleo em particular.
Enquanto existe um consenso geral sobre segurança, existem deferentes pontos de vista sobre os potenciais perigos de diferentes óleos (Tisserand et al, 1995, Price, 1995), assim como há diferentes perspectivas sobre os uso dos próprios óleos.
Em qualquer treinamento há elementos que devem ser assimilados para propósitos de ganhos de consciência. Os que foram treinados em aromatologia, podem ou não seguir os diferentes modos de aplicações tópicas e internas que aprenderam. Entretanto o treinamento em si já dá muito mais consciência e mais conhecimento sobre os óleos e seus usos terapêuticos do que qualquer curso de aromaterapia em “Estilo Inglês” daria.
Pode ser possível que a cautela dos que defendem e querem preservar o “uso inglês” da aromaterapia seja motivado por um instinto de sobrevivência. Porque o período de estudo para um uso mais amplo da aromaterapia é maior e o curso é definitivamente muito mais científico. A defesa da aromatologia não é uma defesa contra os que não tiveram um estudo mais acadêmico sobre o assunto, mas que se interessam pelo assunto. Como com qualquer outra disciplina, existem diferentes limiares, que permitem uma prática mais ampla, cada nível com seus diferentes focos. A massagem continua a ser uma terapia válida, mas não é a soma da aromaterapia. No momento presente, a política defendida pelos vários grupos, que tentam promover seu uso em particular, ameaça apagar o propósito de qualquer terapia, o qual seria beneficiar pessoas. Certamente, o único propósito válido em qualquer terapia é o de ajudar as pessoas a redescobrirem a saúde e, juntamente com isso, um senso de auto estima. Se a aromatologia tem alguma contribuição positiva a ser feita como uma parte intrínsica da aromaterapia, então todos os argumento contrários serão inválidos.
 
BREVES COMENTÁRIOS: Como na Inglaterra e em várias outras partes do mundo, incluindo o Brasil, ainda vemos a visão restritiva da utilização dos óleos essenciais dentro da Aromaterapia. Apesar de há quase 10 anos estarmos travando uma batalha pioneira no Brasil com o ensino da aromatologia dentro de parâmetros mais flexíveis de ensino (devido a fatores econômicos, de tempo e culturais) ainda se vêem muitas pessoas com uma visão restritiva do uso oral de óleos essenciais, incluindo muitos bons profissionais do meio. Algo ainda muito complicado ainda presente no Brasil é o problema da desunião e competitividade entre os profissionais. Sendo esta a área mais avançada da fitoterapia para tratamento de doenças, e dado ao fato de estar crescendo mais e mais a cada dia o número pesquisas feitas em Universidades e o reconhecimento do poder curativo dos óleos essenciais, a visão futurista é de que esta nova terapêutica venha a se tornar um dos sistemas mais eficazes e cientificamente reconhecidos dentro das chamadas “Terapias complementares ou holísticas”. Fábián László – Aromatologista”
 
Referências:
1. Drew, M J, Evans, B K, Rhodes, J. 1984  "Peppermint Oil for the Irritable Bowel Syndrome: A Multicentre Trial."  The British Journal of Clinical Practice (1984), 394-395.

2. Elsona, C E, Underbakke, G L, Hanson, P, Shrago, E, Wainberg, R H, Qureshi, A A.
1989  "Impact of Lemongrass Oil, an Essential Oil, on Serum Cholesterol."   LIPDS (1989) 24(3), 677-679.

3. Franchomme, P, Penoel, D. 1996  L'aromatherapie exactement, Limoge: Roger Jollois.

4. Lis-Balchin, M. 1997  "Essential Oils and 'aromatherapy': their modern role in healing."  Journal of the Royal Society of Health (1997), 117(5): 324-329.

5. May, B, Kuntz, H, Kieser, M, Kohler, S 1996  "Efficacy of a Fixed Peppermint Oil/Caraway Oil Combination in Non-ulcer Dyspepsia."   Arzneim-Forsch/Drug Res. (1996) 46(II), 1149-1153.

6. Penoel, D. 1992a  "Sinusitis and Bronchitis."  The International Journal of Aromatherapy (1992) 4(2), 26-27. 1992b  "Eucalyptus smithii Essential Oil and Its in Aromatic Medicine."  British Journal of Phytotherapy (1992) 2(4), 154-159.

7. Price. L 1995  Alpha To Omega: Constituents and Properties.  Hinckley: SPA.

8. Price, S, Price, L. 1995  Aromatherapy for Health Professionals, Edinburgh: Churchill Livingstone.

9. Tisserand, R. 1977 The Art of Aromatherapy.  Saffron Walden: Daniel.

10. Tisserand, R, Balacs, T. 1995  Essential Oil Safety: A guide for health care professionals.  Edinburgh: Churchill Livingstone.

11. Valnet, J. 1993  The Practice of Aromatherapy, Saffron Walden: Daniel.

12. Zarno, V. 1994 "Candidiasis: A Holistic View." The International Journal of Aromatherapy (1994) 6(2): 20-23.
 
13. Penny Price Academy:  www.penny-price.com
 
14. [Breves comentários] Flégner, Fábián László - Guia de óleos essenciais de todo o mundo – Ed. Universidade de Pensadores (2007)
 
Onde encontrar óleos essenciais 100% puros e naturais para aquisição:
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