quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Óleo Essencial de cipreste

Óleo Essencial de cipreste


Sinonímia: "Cupressus sempervirens" & "Cupressus lusitanica"
Família: Cupressaceae
Sinônimos: C. sempervirens - Cipreste comum ou europeu;
C. lusitanica – Cipreste lusitanica, cipreste de Goa ou cipreste de cerca

História

O cipreste é uma árvore muito conhecida pela constante presença de suas folhas e galhos formando coroas em enterros. O seu nome vem do personagem grego cyparissus, aquele que não pôde conseguir consolação depois de acidentalmente matar um veado especial. Ele orou sob grande arrependimento a Apolo que o transformou num cipreste, tendo este então, seu lugar sempre próximo daqueles que sofrem. Daí surgiu a tradição da presença sempre de ciprestes em enterros e cemitérios, como um antigo símbolo de conforto e consolo para a vida após a morte. Podemos ver seu uso na construção dos sarcófagos das múmias egípcias, pois era considerado imune à putrefação. Também os gregos e Romanos observaram esta sua propriedade conservadora e acrescentaram ao nome da variedade européia o titulo "Cupressus sempervirens" ou "cipreste sempre vivo". A árvore é tão resistente que existem espécimes vivos hoje com mais de 1.000 anos de idade.
A variedade de cipreste mais utilizada hoje em dia para obtenção de óleo essencial é o Cupressus sempervirens, ou cipreste europeu. Ele é cultivado pela humanidade desde tempos históricos na região Mediterrânea.
Presume-se que sua origem nativa seja a Grécia, Turquia, Tunísia e Líbia. Por outro lado, a existência de subespécies do C. sempervirens (C. atlântica e dupreziana) no norte da África (Algéria e Marrocos), dá origem à idéia de que o cipreste seja nativo ou tenha tido ancestrais nativos da África.
O Gênero cupressus, do qual quase todos os ciprestes fazem parte, é composto por cerca de 12-24 espécies, dependendo da interpretação taxonômica.

No Brasil, a variedade mais comum é o cipreste lusitânica (Cupressus lusitanica). Ele é muito usado para fazer cercas vivas, banzais e para decorar ikebanas. Ele possui um aroma diferente do cipreste europeu, seu cheiro é mais intenso e presente, típico de floresta de abetos.
A origem do cipreste lusitanica é questionável, alguns supõem ser originário da África ou Índia. Na verdade é considerado nativo do México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica, em altitudes que vão de 1.200 a 3.000 metros. Este cipreste tem sido cultivado na Inglaterra desde 1682 e hoje cresce em algumas partes da África como uma floresta. Foi introduzido no Brasil, Inglaterra Índia e África durante o período de colonização. O nome latino deriva do fato desta espécie ter sido implantada na região portuguesa da Lusitânia, no 17º século (em 1634). Miller (botânico) em 1768 descreveu formalmente esta árvore em Portugal e como não sabia ao certo sua origem, supôs ter vindo de Goa (na Índia), um erro repetido em muitas literaturas a respeito de coníferas, que o denominam de "cedro de Goa". É uma árvore de aproximadamente 25-30 metros de altura.

Composição e princípios ativos

O cipreste europeu (C. semprevirens) possui uma constituição química bem complexa com deze-nas de componentes químicos. O componente que apresenta-se em maiores proporções é o alfa-pineno (40-55%), responsável por muitos efeitos do cipreste na parte circulatória. A presença de diversos princí-pios ativos de ação anti-séptica, aumentam a eficácia do óleo criando uma sinergia especial, que pode ser aproveitada em problemas das glândulas sebáceas, áreas inflamadas e infeccionadas. Existem várias subespécies desta variedade, mas os componentes que apresentam-se em maior % nos óleos são o alfa-pineno, mirceno, d-3-careno, cedrol, terpino-leno, limoneno e acetato alfa-terpinílico.
A identificação botânica do cipreste lusitânica é meio complexa. É geralmente aceito um tipo de cipreste no México e América Central, porém ele surge com subespécies ou quimiotipos identificáveis.
Parecem existir três ou dois tipos principais (com 2 quimiotipos da var. lusitanica), levando-se em consideração as diferenças químicas (do OE) entre as variedades lindleyi, benthamii e lusitanica:

Cipreste europeu (Cupressus sempervirens)Origem: Espanha AMOSTRA 1
Porcentagem Princípio Ativo
40.90% alfa-Pineno
.50% Canfeno
1.17% Sabineno
.80% beta-Pineno
2.70% Mirceno
15.20% delta-3-Careno
.09% alfa-Terpineno
2.55% Limoneno
2.45% Terpinoleno
.81% Linalol
1.00% Borneol
1.40% Terpinen-4-ol
1.40% alfa-Terpineol
.30% 1,8-Cineol
4.30% Aceta alfa-terpinílico
2.60% delta-Cadineno
7.00% Cedrol
.70% alfa-Cadinol
.50% alfa-Cedreno
1.00% epsilon-Cadineno
1.20% Terpinen-4-yl acetato
.09% alfa,p-Dimetilstireno
.40% beta-Cedreno
.10% Thujopseno
.35% (E),2,(Z),4-Decadienil isovalerato
1.36% Sandaracopimara-8(14),15-dieno
.40% Óxido manoílico
.10% Biformeno
.70% Karahanaenono
.40% Metil carvacrol
.30%

Abietadieno (=abietatrieno)

Cipreste europeu (Cupressus sempervirens)Origem: Espanha AMOSTRA 2
Porcentagem Princípio Ativo
0.9 Alfa-thujeno
50.7 Alfa-pineno
1.3 Sabineno
1.0 Beta- pineno
2.8 Mirceno
24.9 d-3-careno
0.6 Alfa-terpineno
0.5 p-cimeno
3.0 Limoneno
1.2 g-terpineno
3.6 Terpinoleno
0.9 Linalool
1.7 Alfa-terpineol
2.2 Acetato alfa-terpinílico
0.6 Cedrol



Cipreste lusitanica (Cupressus lusitanica)Origem: Portugal
Porcentagem Princípio Ativo
16.6% Alfa-Pineno
6.50% Trans-toratol
24.0% Abietadieno
10.3% Sabineno


Comparado com o europeu, o cipreste lusitânica é terapeuticamente mais ativo, mas ambos podem ser utilizados para as mesmas finalidades.
Conforme analisado acima, o cipreste lusitânica apresenta considerável teor de abietadieno (11-24%), com modetradas quantidades de a-pineno (6.0 - 16.6%), sabineno (6.7 - 10.3%) e trans-toratol (5.1 - 6.5%). O toratol e o abietadieno são os componentes de maior destaque neste óleo e não estão presentes no cipreste europeu.
O toratol possui potente ação antibacteriana e propriedades anti-oxidantes. Possui inclusive ação anti-radicais livres.
É ativo no tratamento da acne, na eliminação das bactérias causadoras da cárie, e é um dos raros fitoquímicos ativos contra o Staphylococcus aureus, um dos principais causadores de infecções hospitalares e muito resistente a meticilina e penicilina.
O toratol possui grande valor como ingrediente ativo em formulações cosméticas, sabões, pastas de dentes, shampoos, loções para a pele e desinfetantes.
Toratol não é irritante e alérgico a pele humana.
O nome do componente vem da árvore da Nova Zelândia "Totara", que possui no óleo de sua madeira alto teor deste princípio ativo. O cipreste lusitanica possui em torno de 5-10% de toratol.
O potencial antibacteriano e antioxidante do toratol tem sido estudado e observou-se que seu efeito deve-se principalmente à sua fácil penetração pelas membranas celulares. Diferentes tipos de bactérias testadas mostraram não-resistência ao toratol, inclusive coliformes fecais (Enterococcus fecalis) em concentrações de 1.56 microg/ml.
O toratol também apresenta grande potencial anti-fúngico (micoses), o que explica a resistência da madeira deste tipo de cipreste à ação de fungos.
É anti-inflamatório, inibidor do desenvolvimento de células cancerosas, principalmente câncer de pele (extratos alcoólicos do cipreste lusitanica demonstraram citotoxidade em células cancerosas - as células morreram devido à apoptose). Estas pesquisas do potencial anticâncer do cipreste lusitanica foram feitas pelo Laboratório de Biologia Molecular do Instituto Nacional de Cancerologia, México.
O toratol demonstrou ação inibitória ativa na germinação de uma série de sementes como a da mostarda e gergelim (concentrações de 10ppm), o que indica uma possibilidade do uso deste recurso pela planta como forma de defesa no seu desenvolvimento e luta pela luz.
O abietadieno possui propriedades anti-fúngicas e antimicrobiais mostrando uma ação positiva contra bactérias gram-positivas como o Staphylococcus aureus. Suas propriedades são semelhantes às do toratol. O abietadieno dá ao óleo um aroma verde, típico de abetos, que lhe confere propriedades anti-stress, semelhantes àquelas conferidas também pelo alfa-pineno.
Funciona bem também como anti-oxidante (anti-radicais livres), por isso possui potencial conservante para várias formulações. Ele age sobre as glândulas sebáceas equilibrando a produção de oleosidade e sebo excessivas, eliminando a seborréia da pele e cabelos, cistos e cravos.
Estudos da Escola Médica da Universidade de Ioannina, Grécia, demonstraram um potencial do extrato hidroalcoólico dos cones do cipreste europeu em diminuir os níveis de colesterol no sangue após 6 semanas de tratamento em ratos.
No Instituto Nacional de Pediatria, México, uma pesquisa feita com o extrato de várias plantas medicinais in vitro demonstrou a eficácia do cipreste europeu contra giárdia (Giardia duodenalis).
Entre os diferentes potenciais terapêuticos do cipreste que nós temos pesquisado nos últimos anos, o que descobrimos de mais interessante é o seu efeito sobre processos inflamatórios com a formação de pus. Particularmente nunca vi nada que apresentasse efeito tão rápido em secar ou puxar para fora o pus de áreas inflamadas quanto o cipreste, especialmente o lusitânica.
Em acne, é talvez o óleo que mostre melhores efeitos, superior ainda, de acordo com nossas observações, ao tea tree.
Tem mostrado resultados muito bons e rápidos no tratamento de hemorróidas, cistos sebáceos e má circulação (varizes e celulite). É indicado também em infecções respiratórias e da pele, dores musculares (artrite, bursite, etc), micoses, colite e síndrome de Chron (uso interno).


Indicações e usos

Em acne, cistos sebáceos e inflamações purulentas como furúnculos e abcessos é usado puro ou diluído em solução alcóolica entre 5-10%. Nas inflamações funciona ainda melhor se associado ao OE de tomilho vermelho. Também mostra um resultado apreciável em problemas de hemorróidas (5 gotas numa bacia d’água para banhos). Auxilia no tratamento de vários tipos de micoses e feridas infeccionadas (usar puro no local algumas gotas). Em inalações auxilia em infecções respiratórias e sinusite infecciosa (com mau cheiro no catarro).
Em massagens ele é útil em dores musculares e como anti-inflamatório (reumatismo e artrite).
Funciona bem também como anti-oxidante, por isso é aproveitado como um conservante natural para várias formulações (cosméticas e farmacêuticas). É um bom desinfetante bucal (10 gotas em 200ml de água, bochechar sempre uns 10-20ml após escovar os dentes), auxiliando inclusive a combater o mau hálito e na prevenção de cáries. Em problemas de colite e Chron, utilizar cerca de 2-3 gotas 3 X ao dia até surgirem melhoras (2 dias a 2 semanas). Havendo necessidade é possível utilizá-lo pelo período de um mês sem problemas, ocasiona menos enjôo que o tea tree. É excelente em shampoos (1-3%) contra seborréia e caspa.


Aromacologia

O cheiro de floresta que este óleo possui, o torna um bom recurso psicológico em inalações para
combater o stress, diminuir a irritabilidade e a sensação de isolamento e apego. Bem indicado para pessoas que perderam entes queridos.



Produção

Hoje o cipreste europeu é produzido em vários países da Europa, como Hungria, Espanha, França, Itália, Grécia, entre outros. Ainda não vimos no mercado nenhuma outra produção do óleo de cipreste lusitanica que não fosse a brasileira que demos início. O óleo que produzimos é obtido das folhas e pequenos galhos. Em torno de 400 kg de folhas, obtidas de antigos espécimes cultivados na mata e de plantações orgânicas, são necessárias para obtermos 1 litro do óleo.


Ação e Toxicologia
O óleo de cipreste europeu apresentou moderada irritação da pele de coelhos quando aplicado sob oclusão por 24 horas. Em uma diluição de 5% em éter, ele não apresentou irritação à pele humana em 48 horas de testes com patch. Nenhum efeito fototóxico ou irritante foi visto (Opdyke 1978, p. 699).
Não é recomendado o uso interno do cipreste lusitânica em grávidas. Fora isso, ele pode ser empregado sem preocupações. Pode ser usado puro sobre a pele em pequenas áreas, em grandes áreas, diluir em algum veículo em 3 - 5% para um bom resultado. DL50: Oral acima de 5g/kg em ratos.


Similares e substituidores

Pode ser substituído em seus efeitos anti-sépticos e anti-inflamatórios pelos óleos de tea tree, pinheiro silvestre, tomilho QT timol, totara, junípero, manuka e alecrim QT5. Os efeitos sobre as glândulas sebáceas são conseguidos de maneira próxima, porém não tão boa e rápida com o pinheiro silvestre, alecrim QT5, alguns óleos de cedros (Virgínia e Atlas) e junípero (bagas e folhas).


Aritogo extraido da apostila do curso de Aromatologia - IBRA
Fábián László Flégner - Aromatologista e Diretor Geral Laszlo Aromaterapia


Onde encontrar - para aquisição:

Bio Orgânicos Brasil:

+55 (48) 32373714 / 99929818

organicosbrasil@yahoo.com.br

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